
Antes de pensar em escrever, é essencial entender o que a banca do Enem quer de você. A proposta da redação é clara: argumentar sobre um problema social do Brasil, com base em textos de apoio e repertório sociocultural, e apresentar uma proposta de intervenção. Parece simples, mas o desafio está nos detalhes.
A redação do Enem avalia cinco competências, que vão desde o domínio da norma padrão da língua portuguesa até a elaboração de uma proposta que respeite os direitos humanos. Para mandar bem, o candidato precisa mostrar que sabe pensar criticamente, organizar ideias com clareza e desenvolver soluções possíveis para um problema atual. Isso exige treino, mas, acima de tudo, exige atenção à estrutura e coerência do texto.
Pratique com temas variados
A melhor maneira de se preparar para a redação é escrevendo. Mas não adianta escrever sempre sobre os mesmos assuntos. O Enem costuma abordar temas variados, muitas vezes ligados a questões sociais pouco discutidas no dia a dia, como o etarismo, o capacitismo, a invisibilidade de comunidades tradicionais ou os desafios do sistema prisional.
Treinar com temas diversos ajuda a expandir sua visão de mundo e desenvolver argumentos mais sólidos. Além disso, amplia seu repertório e permite que você use referências mais originais — algo muito valorizado pelos corretores. Com o tempo, você começa a identificar padrões nos temas e a desenvolver estratégias mais eficazes para abordá-los.
Desenvolva um repertório sociocultural útil
De nada adianta conhecer inúmeros conceitos filosóficos ou dados estatísticos se você não sabe encaixá-los no texto de forma coerente. Um bom repertório sociocultural é aquele que você domina e consegue aplicar de maneira natural e estratégica.
Filmes, livros, notícias, teorias, acontecimentos históricos ou figuras públicas podem enriquecer muito a argumentação. Por exemplo, ao discutir sobre mobilidade urbana, citar a série “Years and Years” pode ser tão eficaz quanto trazer um dado do IBGE — desde que isso seja feito com conexão lógica com o tema e sem forçar a barra.
A dica aqui é selecionar alguns repertórios que sejam coringas, ou seja, que possam ser adaptados a diferentes contextos. Mas lembre-se: qualidade é melhor que quantidade. O que realmente importa é a pertinência do conteúdo.
Estruture bem cada parágrafo
A estrutura da redação do Enem é dissertativo-argumentativa, e seguir isso à risca é fundamental. O texto deve conter introdução, desenvolvimento (com dois parágrafos bem argumentados) e conclusão com proposta de intervenção.
Na introdução, apresente o tema e o ponto de vista que será defendido. Nos parágrafos de desenvolvimento, aprofunde os argumentos, sempre com coesão e progressão lógica. Evite frases soltas ou desconexas. Cada parágrafo precisa ter uma ideia principal bem desenvolvida, com exemplos ou dados que a sustentem.
Na conclusão, vá além de simplesmente repetir o que foi dito. Apresente uma proposta de intervenção completa: quem vai agir, o que será feito, como será feito e com que finalidade. Mostrar viabilidade e respeito aos direitos humanos é essencial para atingir a nota máxima nesse quesito.
Leia boas redações e analise com senso crítico
Uma das formas mais eficazes de aprender a escrever bem é lendo textos bem escritos. As redações nota mil divulgadas pelo Inep são ótimos exemplos. Elas mostram diferentes estilos, repertórios e estratégias argumentativas, mas todas seguem a estrutura exigida e apresentam uma proposta consistente.
Ao ler essas redações, procure entender o que as torna tão boas. Observe como os autores desenvolvem os parágrafos, como usam repertórios, como conectam as ideias e como finalizam com uma proposta coerente. Não se trata de copiar fórmulas, mas de entender o raciocínio por trás da escrita eficiente.
E não se esqueça: erros também ensinam. Ler redações com notas medianas pode mostrar o que deve ser evitado, como argumentações frágeis, estrutura confusa ou propostas vagas.
Treine a escrita sob pressão de tempo
Na hora do exame, você terá cerca de uma hora para fazer a redação, considerando que também precisa resolver outras questões. Por isso, treinar com o tempo cronometrado é essencial.
Escrever em casa com calma é importante no início, mas, conforme o Enem se aproxima, é preciso simular a pressão real. Isso ajuda a ganhar agilidade na organização das ideias, evita bloqueios e melhora a gestão emocional no dia da prova.
Você também aprende a revisar seu texto com mais eficiência, identificando erros gramaticais ou problemas de coerência que podem prejudicar a nota. Com o tempo, a fluidez na escrita se torna natural, o que reduz a ansiedade e aumenta a confiança.
